Como rubro-negro apaixonado, faço sempre questão de valorizar este lance emblemático, 3 de dezembro de 1978, quando Rondinelli, o “Deus da Raça”, nos deu um dos momentos mais gloriosos de nossa história. O gol contra o Vasco, no Campeonato Carioca, foi muito mais do que um simples título: foi o marco inicial de uma era que elevou o Flamengo ao status de potência mundial.

Aos 42 minutos do segundo tempo, em um Maracanã lotado com mais de 120 mil torcedores, a tensão era palpável. A partida estava truncada, e o Vasco jogava pelo empate. Mas foi naquele escanteio, cobrado por Zico, que o improvável aconteceu. Rondinelli surgiu como um gigante entre os zagueiros adversários e cabeceou com precisão para o fundo da rede. O estádio explodiu. Foi um grito de alívio e êxtase que parecia descarregar anos de frustrações acumuladas.

Esse gol, que selou o título do Carioca, trouxe mais do que um troféu. Ele deu confiança e tranquilidade para uma geração que estava sob pressão e que, a partir dali, conquistaria tudo o que sonhamos: três Brasileiros, uma Libertadores e o Mundial Interclubes. Foi o início de uma hegemonia liderada por Zico e uma base que incluía craques como Júnior, Adílio e Tita.

Cresci e me tornei rubro-negro vendo e acompanhando esta era do Flamengo. Costumo dizer que, sem aquele gol, talvez a história de conquistas e alegrias fosse outra. Aquele momento foi um divisor de águas. Rondinelli, ao marcar, não só cravou seu nome na nossa história como garantiu que o Flamengo pudesse ser Flamengo na sua essência: um clube que nunca desiste, que se agiganta nos momentos difíceis e que sabe transformar pressão em triunfo.

Hoje, ao olhar para trás, tenho a certeza que aquele título foi o início de uma era inesquecível. Rondinelli será eternamente lembrado não só como o “Deus da Raça”, mas como o zagueiro que nos deu a segurança necessária para sonhar alto. E nós, rubro-negros, somos gratos por esse instante mágico, que mudou não só o jogo, mas toda a nossa trajetória.