Saudações, Nação! Flamenguista que se preze carrega no peito o orgulho de ser chamado de Urubu. Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que esse apelido era usado de forma pejorativa pelos rivais, uma tentativa de diminuir a grandiosidade da Nação Rubro-Negra. Mas como já dizia o mestre Nelson Rodrigues, “as gerais rubro-negras, num lance admirável, transformaram a piada contra em piada a favor”.

O resultado dessa virada de jogo? O Urubu, antes uma provocação, virou símbolo de raça, resiliência e superioridade. E tudo começou há mais de 55 anos, num Maracanã lotado, num clássico contra o Botafogo, e com um voo histórico que mudou a identidade do Flamengo para sempre.

O Dia em Que o Urubu “Pousou na Sorte do Botafogo”

Era 1º de junho de 1969, e o Flamengo vivia uma fase difícil contra o Botafogo, acumulando quatro anos sem vencer o rival. O jejum era longo demais para a paciência da torcida. Foi aí que quatro jovens flamenguistas do Leme decidiram calar a boca dos alvinegros de uma vez por todas.

A ideia? Levar um urubu de verdade para o Maracanã e soltá-lo no meio do clássico. Hoje, claro, essa seria uma prática impensável e criminosa, mas na época, a ousadia era vista como uma resposta genial às provocações que os rubro-negros recebiam.

Os quatro amigos percorreram a cidade em busca da ave. Depois de algumas tentativas frustradas, conseguiram um urubu no lixão do Caju com a ajuda de um gari – devidamente recompensado pelo serviço. O problema? O urubu não gostou nada de ser capturado.

O Caos no Carro e a Festa no Maracanã

Com o urubu dentro do carro, o que era para ser um simples transporte virou uma cena digna de comédia pastelão. No meio da Avenida Brasil, a ave se soltou da manta, começou a voar e bicou todo mundo dentro do veículo. O pânico tomou conta. Se alguém visse aquela cena de fora, pensaria que os quatro estavam sendo atacados por um demônio alado.

Depois de muita luta, conseguiram contê-lo e, enfim, chegaram ao destino. O urubu passou a noite confinado, sem saber que no dia seguinte entraria para a história do Flamengo.

Naquele domingo, os amigos entraram no Maracanã com a ave escondida em uma sacola. E então, no meio da multidão, o urubu foi solto. Ele bateu asas, sobrevoou a torcida do Botafogo, enquanto os rubro-negros explodiam em êxtase:

“É urubu! É urubu!”

Nelson Rodrigues descreveu a cena como só ele sabia:
👉 “A imensa, ululante, indescritível torcida rubro-negra teve uma ideia genial. Minutos antes do clássico dos clássicos, vem, das gerais, um urubu com as cores flamengas. Foi um delírio!”

O jogo, claro, foi vencido pelo Flamengo. O Botafogo foi derrotado, a torcida vibrou e o Urubu virou símbolo máximo da nossa raça.

Do Popeye ao Urubu: A Mudança de Mascote

Até aquele momento, o Flamengo tinha como mascote o marinheiro Popeye, herança do remo, esporte que deu origem ao clube. Mas, convenhamos, o Popeye podia até ser forte, mas não tinha nada a ver com a irreverência e a garra da torcida rubro-negra.

A partir daquele dia, o Urubu passou a ser oficialmente associado ao Flamengo. O cartunista Henfil eternizou a figura do mascote nas charges do Jornal dos Sports, e logo o clube adotou de vez o símbolo. Nascia ali um dos mascotes mais icônicos do futebol mundial.

O Legado do Urubu: O Símbolo de uma Nação

Se antes os rivais tentavam usar o apelido de forma ofensiva, hoje não há rubro-negro que não se orgulhe de ser chamado de Urubu.

A verdade é que o Flamengo transforma qualquer provocação em combustível para vencer. O Urubu não apenas voou sobre o Maracanã, ele pousou no coração da torcida e se tornou um símbolo de resiliência, raça e superioridade.

Hoje, quando vejo o Urubu Rey no Maracanã ou qualquer torcedor rubro-negro batendo no peito e se declarando Urubu com orgulho, só consigo pensar:

👉 “Se os rivais soubessem o monstro que estavam criando, jamais teriam começado essa história.”

E você, Nação, já sabia dessa história? O que acham do nosso mascote? Deixa aí nos comentários!